sábado, 19 de junho de 2010

A vida no interior

Agora, depois da ausência por conta de contratempos, e de uma gripe FDP que me pegou esse semana, e depois ainda de um tempo me readaptando a rotina que tinha até maio de 2009, venho escrever um pequeno comentário sobre a vida no interior... 

Morar no interior é inegavelmente mais tranquilo. Mais tranquilo do ponto de vista do ar que se respira, de certos privilégios alimentares - como por exemplo comprar produtos naturais mais naturais que outros, comer algumas comidas que só são feitas no interior mesmo, rs, ou mesmo tomar duas mega bolas de sorvete artesanal por R$ 2,00... ir a quermesses de paróquia, ver danças de quadrilha em chão de terra, com direito a fogueira e tudo... tomar cerveja com os amigos a R$ 2,50 a garrafa... (e aqui to falando de Brahma ou Skol!!!), poder chegar a quase todo lugar que se vai em meia hora a pé... (isso é muito emblemático quando se trata de cidades grandes), conhecer muita gente (bem, conhecer muita gente pode ser bom e ruim; pois isso pode trazer problemas com gente "se metendo" na vida da gente... é, alguns diriam que isso também acontece nas cidades grandes, e concordo; mas não com a mesma frequência que acontece no interior), e é mais tranquilo do ponto de vista do sossego mesmo. Sossegado até demais, as vezes.
Por não se ter opções, acaba-se optando por não fazer nada, meio que compulsoriamente: ou se faz nada, ou se faz toda vez a mesma coisa. Aí pra ñao cair na rotina cliché, se opta por dormir dias inteiros, ou enterrar-se no sofá, com todo o prazer do mundo, com uma sacola de dvd's do lado e uma bacia de pipoca. Alguns ainda podem me lembrar daquela famosa teoria (que confesso não saber se é verdadeira ou uma gigantesca brincadeira de mau gosto, irônica, feita por um homem de grande perspicácia pra fazer os pobres mortais de inteligência média acharem que suas vidas podem ter algo de verdadeiramente sublime) do Umberto Eco, que fala justamente que "a sucessão de clichés leva ao sublime"; mas eu rebato dizendo que acredito piamente que nada de muito proveitoso pode vir da mesmice.
Ah, tem também o assombro/fascínio que o modo de vida metropolitano causa nas pessoas do interior. E como são fascinadas pelos programas de TV que retratam a vida nas cidades, como têm medo dos crimes mostrados nos telejornais sensacionalistas, como procuram referências de moda, comportamento e modernidade fora de seu "habitat natural" (estas últimas mais vistas nas pessoas mais jovens), recebendo os signos e remontando-os, conforme seus ideiais, e conforme seu aprendizado, criando uma espécie de realidade paralela que não é de forma alguma moderna como o sonhado, e muito menos interiorana de fato. E a partir disso a gente vai vendo coisas acontecerem, comportamentos se criarem e tornarem-se moda, e vai ficando também assombrado, rosa, bege, ocre, de cara... 
Com seus prós e contras, como exatamente tudo na vida, o "morar no interior" vai se configurando, como algo novo na vida das pessoas, algo que está sempre em modoficação, como o deselvolvimento econômico, político, e social. Tudo isso entre pessoas vindas de realidades diferentes desta, do exato "meio do mato" (sem preconceitos) ou do "centro do mundo" (sem preconceitos também!), todas com um certo medo de encarar rotinas mais ativas, ou com vontade de se atirar no meio das novidades e deixar-se engolir...

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